Bom Jesus dos Aflitos [festejo religioso]

A devoção ao Senhor dos Aflitos

O Festejo de Bom Jesus dos Aflitos é o maior evento religioso de Arari e um dos mais destacados no Estado do Maranhão. Sua origem remota à devoção católica que tem raízes em Portugal, a devoção ao Senhor Bom Jesus ou Senhor dos Aflitos, que em Arari se consolidou como Bom Jesus dos Aflitos.

De Portugal, a devoção foi levada aos países de colonização portuguesa, como Brasil, Angola e Açores. Sob essa invocação, venera-se a imagem de Jesus Cristo, especialmente em diferentes episódios de sua Paixão. Cultivada no Brasil desde o século XVII, organizou-se com os primeiros lugarejos que se tornaram cidades importantes.

Origem e evolução do festejo

Em Arari, a devoção tem início com as primeiras irmandades católicas iniciadas no lugar pela família do português Lourenço da Cruz Bogéa e outras lideranças comunitárias e religiosas da época, em 1812, quando iniciou-se também a festa religiosa na então vila do Arari.

Para os atos da devoção, foi elevada uma capela anexa à Capela de Nossa Senhora da Graça, esta inaugurada no ano anterior. Para esse novo espaço, tempo depois foi trazida de Portugal a tradicional imagem do Bom Jesus, entronizada e invocada, com o mesmo título da devoção e do festejo.

Por muitos anos, a festa foi realizada sob liderança da família Bogéa, décadas depois sendo integralmente assumida e assimilada pela comunidade católica local, elevada em 1858 à categoria de paróquia. Na época, a Freguesia de Nossa Senhora da Graça do Arari, padroeira do lugar, cujo título hoje é compartilhado também como do padroeiro Bom Jesus dos Aflitos.

Nos embates políticos do final da década de 1970, o tradicional festejo chegou a ser suspenso pelo Pe. Brandt em 1977, devido à inauguração do antigo Mercado Municipal suas comemorações marcadas para a mesma datam, concorrendo com o festejo. Com a suspensão, foi realizada uma confraternização secular no mesmo local do evento, dando origem ao atual Festival da Melancia.

Esse evento substituto, e depois realizado em paralelo, foi oficializado por Decreto Municipal em 1978. A partir da década de 1980, foi aglutinado à Feira da Cultura de Arari, no final de setembro. O festejo retomou sua realização tradicional exclusiva, com tríduo de 11 a 13 de setembro e dia da festa, com Missa Solene, procissão, bazares, eventos culturais e leilões, no dia 14 do mesmo mês. Assim teve fim o conflito político, religioso e cultural.

O atual festejo de Bom Jesus

Apesar de padroeira inicial de Arari e seu festejo, realizado em agosto, serem a devoção e o evento católicos oficiais do lugar, dando inclusive nome à paróquia, com o passar dos anos, o Festejo de Bom Jesus foi ganhando contornos e proporções bem maiores do que o primeiro.

Naturalmente assimilado como copadroeiro de Arari pelos fiéis e se tornar o maior evento religioso local, em finais da década de 1990 e início dos anos 2000, por deliberação do Conselho Paroquial, deixou se ser realizado em apenas em 4 dias, com tríduo e festa. Desde então, passou a ser promovido em 10 dias, com novenário de 5 a 13, e o grande Dia de Festa, com Missa Solene, Leilões e eventos culturais, no dia 14 de setembro.

Por ser o maior evento do calendário religioso de Arari, um dos mais destacados do calendário cultural de Arari; um dos mais emblemáticos festejos da Baixada Maranhense e um dos mais destacados eventos religiosos do Estado, por Lei de Estadual de 2019, o evento foi reconhecido como Patrimônio Imaterial do Maranhão, consolidando-se como um dos maiores elementos da religião e da cultura arariense.

Como citar este artigo:

FERNANDES, Cleilson. Bom Jesus dos Aflitos: festejo religioso. Portal Arari, 2023. Disponível em: <www.arari.org.br>. Acesso: [adicione a data atual, copie e cole em seu texto]

Autor

  • Cleilson Fernandes

    Jornalista, SRT/MTE 1787/MA, pesquisador, consultor e orientador acadêmico. Membro-fundador da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências (ALAC) e do Instituto Histórico e Geográfico de Arari (IHGA). Mestrando em Letras (UFMA).

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