A atividade agropecuária em Arari é baseada no cultivo de arroz de terras altas, melancia, pesca artesanal, criação de bovinos e, há alguns anos, no cultivo de arroz irrigado com controle de lâmina de água, praticado na época de estiagem (agosto a dezembro), que tem se destacado como a maior produção agrícola do município, atualmente (GASPAR et al., 2005).
No município de Arari, as pesquisas com arroz irrigado tiveram início no ano de 1975, quando o Departamento de Pesquisa e Experimentação, vinculado à Secretaria de Agricultura do Maranhão (SAGRIMA), fundou o campo experimental para comprovar o potencial das campinas herbáceas da Baixada Maranhense. Em 1977, esse departamento passou a ser chamado de Empresa Maranhense de Pesquisa Agropecuária (EMAPA) e, devido o sucesso na área de melhoramento vegetal, fertilidade de solo, controle químico de ervas daninhas e de pragas, além de manejo do solo, a EMAPA transformou o campo experimental na Unidade da Execução de Pesquisa de Âmbito Regional (UEPAR/Arari) em 1980. Naquela época, existiam três sistemas de produção para exploração da cultura do arroz irrigado: o de
plantio convencional (transplantio em curva de nível), o de plantio com semente pré-germinada a lanço e o sistema de plantio em regime de transplantio (GASPAR et al., 2005).
A partir de 1999, foi introduzida nas áreas de cultivo irrigado dos pequenos rizicultores a metodologia de plantio em regime de transplantio devido a problemas de infestação com plantas invasoras. Isso permitiu recuperar boa parte da produtividade, além do controle das invasoras apenas com a lâmina d’água.
O cultivo de arroz irrigado nessa região é possível devido às características do solo, rico em argila (80%), com drenagem deficiente (hidromorfismo), causada pelo relevo plano e uma camada subsuperficial pouco profunda. Essas características garantem a manutenção de uma lâmina de água sobre o solo.
O regime de má distribuição hídrica da região, com chuvas concentradas nos primeiros seis meses do ano, permite o cultivo de arroz na estação de estiagem (agosto a dezembro), período em que há maior aproveitamento da radiação solar e que possibilita o controle da lâmina da água de irrigação.
Esse sistema de cultivo de arroz é praticado há alguns anos por grandes rizicultores, em áreas acima de 15 ha, e, em maioria, por agricultores familiares, que dispõem de pequenas áreas (1 a 3 ha, em média). Mas, nos últimos anos, esses agricultores têm enfrentado problemas ligados à obtenção de reduzidas produções, anualmente, que está relacionada com o tamanho da área de cultivo, aumento dos custos de produção e estagnação dos preços de mercado. Isso os torna pouco competitivos, além de dificultar a melhoria da renda líquida que, na região, está abaixo do salário mínimo. A consequência desse quadro é a cessão das áreas dos produtores à grandes empresários, que financiam os insumos e retém a maior parte da produção e dos lucros, em troca do trabalho familiar.
Somam-se ainda a estes, os problemas ambientais causados pelo cultivo de arroz irrigado sob lâmina de água controlada, como as emissões de metano, que são intensificadas pela aplicação de elevadas doses de fertilizantes, principalmente os nitrogenados (BRONSON et al., 1997). Essas emissões são estimadas em até 19% das emissões totais desse gás (IPCC, 2007).
Entretanto, aplicação de matérias com elevado teor de carbono estável, como o carvão vegetal, podem ser um importante componente na redução das emissões de gases de efeito estufa (RONDON et al., 2006).
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Texto de: Aurea Maria Barbosa de Sousa. In. Sousa, Aurea Maria Barbosa de. Adição de carvão vegetal em cultivo de arroz irrigado: efeitos sobre os indicadores físicos e químicos do solo, desempenho do arroz; emissões de metano e viabilidade econômica do cultivo contínuo, em Arari-MA. Dissertação (Mestrado em Agroecologia. Uema, São Luís, 2011. pp. 18-20. Acesso: https://repositorio.uema.br/jspui/handle/123456789/205